A China e a União Europeia prometeram criar taxas em retaliação às tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (2).
O Ministério do Comércio chinês pediu para que a cobrança das taxas seja cancelada. Para o órgão, a medida desconsiderou as negociações comerciais multilaterais ao longo dos anos. E disse que adotará "contramedidas para preservar seus direitos e interesses".
Segundo a chefe do Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, o bloco está "pronto para responder" às tarifas recíprocas. Ela também afirmou que a UE pretende negociar e que ações de retaliação serão tomadas somente caso as tratativas falhem.
Desde o anúncio na tarde desta quarta, líderes mundiais têm exposto suas reações. Alguns países mostraram cautela e vontade de negociar.
China
A China pediu aos EUA que cancelem as tarifas imediatamente e afirmou que pretende tomar contramedidas para proteger seus próprios interesses. A tarifa sobre produtos chineses anunciada pelo governo americano é de 34%.
Segundo o Ministério do Comércio chinês, a medida dos EUA desconsidera o equilíbrio de interesses alcançado em negociações comerciais multilaterais ao longo dos anos e "colocam em perigo o desenvolvimento econômico mundial".
Um porta-voz criticou "o protecionismo e o assédio" dos Estados Unidos e pediu uma solução das divergências econômicas e comerciais "por meio de consultas justas, respeitosas e recíprocas".
União Europeia
A UE informou que a expectativa do anúncio já havia provocado reações antes mesmo do discurso de Trump na Casa Branca. Ursula von der Leyen afirmou que as tarifas constituem um "duro golpe à economia mundial".
Os EUA anunciaram uma tarifa de 20% sobre produtos europeus.
Na terça, von der Leyen disse que a União Europeia tem um "plano forte" para retaliar as tarifas impostas por Washington.
"Não queremos necessariamente retaliar. Mas se for necessário, temos um plano forte para retaliar e o usaremos", afirmou, num discurso ao Parlamento Europeu em Estrasburgo. "Nosso objetivo é uma solução negociada. Mas é claro que, se necessário, protegeremos nossos interesses, nosso povo e nossas empresas."
Reino Unido
O secretário de Comércio do Reino Unido, Jonathan Reynolds, disse que o país não vai repensar suas regras fiscais por causa dos Estados Unidos. O representante também afirmou que os EUA permanecem com o status de "amigos" mesmo após as taxas.
"Os EUA são nossos aliados mais próximos, então nossa resposta é manter a calma e o comprometimento em fazer um acordo, que esperamos que mitigue o impacto do que foi anunciado hoje", disse Reynolds.
Alemanha
O ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Kukies, afirmou que a União Europeia precisa reagir de forma contundente às tarifas dos Estados Unidos, mas que o bloco comercial permanece aberto a buscar um acordo.
"Seria ingênuo pensar que, se apenas ficarmos parados e deixarmos isso acontecer, as coisas irão melhorar, então espero uma resposta forte da União Europeia", disse Kukies.
O chefe de Governo, Olaf Scholz, considerou que as decisões de Trump são "fundamentalmente erradas".
França
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que se reunirá com os setores afetados pelas tarifas nesta quinta-feira (3).
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, afirmou que as medidas de Trump são "uma catástrofe" tanto para a Europa como para os Estados Unidos.
Espanha
O ministro da Economia espanhola, Carlos Cuerpo, afirmou que o país considera as tarifas "injustas" e "sem justificativa".
Itália
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, prometeu "fazer tudo o que pudermos para trabalhar em prol de um acordo com os Estados Unidos, com o objetivo de evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente em favor de outros atores globais."
"De qualquer forma, como sempre, agiremos pelo interesse da Itália e de sua economia, também nos envolvendo com outros parceiros europeus", acrescentou.
Taiwan
O gabinete de Taiwan classificou as tarifas recíprocas como "muito irracionais" e afirmou que irá tratar do assunto com o país.
O órgão afirmou que a taxa de tarifa proposta não reflete a real situação do comércio entre Taiwan e os Estados Unidos.
Coreia do Sul
O Ministério da Indústria da Coreia do Sul informou que Seul buscará consultas com autoridades norte-americanas, tanto em nível sênior quanto operacional, sobre as tarifas.
O órgão disse ainda que pretende analisar seu impacto específico nas indústrias e preparar medidas emergenciais de apoio o mais rápido possível.
Noruega
O primeiro-ministro do país afirmou que tem a pretensão de negociar com os EUA se tiver a oportunidade.
Suíça
A associação empresarial Economiesuisse afirmou que as tarifas dos Estados Unidos sobre as importações suíças são prejudiciais e injustificadas.
Austrália
Anthony Albanese, premiê da Austrália, outro aliado próximo dos EUA, disse que a decisão de Trump não é "o ato de um amigo", mas disse que seu país não vai adotar tarifas recíprocas em resposta.
Irlanda
"A União Europeia e a Irlanda estão prontas para encontrar uma solução negociada com os EUA. Negociação e diálogo são sempre o melhor caminho a seguir", declarou o ministro do Comércio, Simon Harris.
Suécia
"Não queremos barreiras comerciais crescentes. Não queremos uma guerra comercial", disse o primeiro-ministro, Ulf Kristersson. "Queremos encontrar nossa rota de volta para um caminho de comércio e cooperação junto com os EUA, para que as pessoas em nossos países possam desfrutar de uma vida melhor."
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